domingo, 25 de setembro de 2011

ARTE, PRODUÇÃO DE SUBJETIVAÇÃO E LOUCURA!



                                                    
A arte nasce com o ser humano. Um equívoco da ciência que não consegue entrevistar a mãe natureza, esta exímia artista com  performances esplendorosas...
E nela construímos uma estética, um canal de expressão para nossas emoções subterrâneas e uma ponte para a virtualidade do porvir e do devir...
Na arte, expurgamos lágrimas contidas, represadas, e risos suprimidos, domesticados: Os afetos e as intuições fluem alheias às barreiras da lógica, do previsível e admissível, das ossificações que nos levam a viver com nossas emoções reprimidas. Ela, assim, é um escoadouro, uma janela para a vida naquilo que o socius controla como indesejável... Que, contudo, se mantido, acumula e explode ou implode, lesa nossa existência... A arte é um instrumento de humanização num mundo coisificante, que nos cristaliza e nos robotiza...A arte é, também, um dispositivo de subjetivação. Subjetiva-nos, libertariamente...


O ser humano rodopia nas repetições no meio do redemoinho. O que o torna mesmice, neurose, sofrimento, inflexibilidade, ferida aberta e sangrante.
A arte nos permite bifurcar, derivar, reinventar e criar... Ele acolhe a dor e enxuga lágrimas; Porém, o faz, renovando-nos, de tal forma que em conexão com ela vamos nos subjetivando livres: livres das amarras do ego e livres das correntes do socius. Ela é a loucura que cura nossas loucuras...Revoluciona a vida e os caminhos...Nossa loucura, loucura-chaga viva, de hospício, é uma loucura onde caos se vê capturado e anulado na sua potência criativa. O caos é autopoeiticamente um criador de novidades. Potência negada e massacrada na loucura que gira num buraco negro de dor e terror...
A loucura é a falência da lógica, do pragmatismo, do consumismo, da vida servil "...Do mundo de vendedores e vencedores..."(Baremblitt). A arte é uma tresloucada ruptura com a racionalidade pragmática...Um outro funcionamento.Um surreal universo, como o sonho, a magia, o místico,e a própria loucura.Na arte , então, temos a retomada dos funcionamentos negados pela racionalidade técnico-instrumental...
Ela quebra os ponteiros do Cronos; Nos “desterritorializa” e nos conecta com o universo da criatividade e da magia; Da ternura e das paixões; Da vida que caminha andarilha nos vitalizando, pois nos libera das amarras de angústia e dor deste mundo de falta e negação, imediatismo e servidão.



A arte pode...Pode gerar vida, singularizar vidas, revolucionar os alicerces da vida...Ela percute e a vida voa... Voando ganha o infinito e no infinito, se plenifica com impermanência, multiplicidade, singularidade e permanente devir. Ela é Fénix, Dionísio, movimento...Nela, o ser humano se redescobre fragilidade e potência divina... Humanidade cósmica; O sagrado profano que perambula nos singelos caminhos da paz e da alegria.
Jorge Bichuetti



A Natureza nos fala, grita para nós o tempo todo, basta que a escutemos, e, com bastante atenção e retenção daquilo que se nos chega, não aos ouvidos, mas ao coração; A minha Arte é a de permanecer vivo. Vivendo e contrariando os desejos do não viver o que aí está para ser vivido, mas reinventando, através até das loucuras cotidianas, quando, por intermédio delas, nos insurgimos contra o que não permitimos nos moldar; E quem disse que a loucura tem cura? Que precisa ser curada? A cura dessa loucura aí descrita, tende a mesmificar o ser curado, que, provavelmente, serviu-se desse expediente exatamente para contrariar o que aí está.

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