quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O Amor como início de tudo...

Seguindo nessa linha de pensamento, Sexo e Amor andam de mãos dadas, portanto, podemos vê-los como início da existência dos seres vivos. Já que é o início, vamos iniciar falando de Amor...

O Amor perfeito, ou Amor Platônico, era a visão de Amor de Platão, um dos maiores filósofos que já existiu. É uma expressão usada para designar um amor alheio a interesses ou gozos. Podemos imaginá-lo como um amor impossível de se realizar, um amor ideal, puro, casto.
Hoje, mesmo sendo pai de dois filhos, um pai que adora, que ama muito seus filhos, não consigo imaginar esse tipo de amor, nem por esses filhos. Costumamos dizer que o amor dos pais pelos filhos seria um amor incondicional, mas não é verdade. Qualquer tipo de amor quer seu devido reconhecimento, quer retorno, nem que seja apenas um agradecimento, que seja “amor em troca de amor”.
Já no que se refere ao Amor entre homens e mulheres, ou homossexuais, acredito que falta “pegada”, falta tesão, falta “tempero”, e portanto, o Amor Platônico entre eles, realmente não deve funcionar.
Então, vamos dar um passeio na visão de Amor de alguns pensadores, através dos tempos, por Helder Alexandre Ferreira:
Aristóteles
Amor é força unitiva e harmonizadora, e tal força cósmica permeia o amor sexual, a concórdia, a política e a amizade, mas o amor também é necessidade, imperfeição ou deficiência; ao amor unem-se a tensão emotiva e o desejo: ninguém é afetado pelo amor se antes não foi tocado pelo gozo da beleza. Toda paixão (amor ligado ao prazer) termina em amizade, que é a vontade de viver junto.
 
PLATÃO
Aqui, as características do amor sexual são generalizadas e sublimadas. Amor é falta. Amor é insuficiência. Amor é necessidade. Amor é desejo de adquirir e possuir o que não se possui, é o interesse incorporado à alma, mas que pode se dirigir para a Beleza, a aparência do bem, o desejo do bem, desejo de vencer a morte. O amor é uma entidade que evolui da beleza sensível (delírio erótico) para a Sabedoria, que é a mais alta de todas as belezas, a beleza altíssima, a saber, a filosofia, beleza pura, nobre, e que empenha o homem na difícil busca da dialética. O amor é a beleza que só alcança o seu termo dentro de uma ordem precedida com as noções da verdade e do bem. O amor alcança a felicidade por degraus, passando dos bens inferiores aos bens superiores, seu termo é a revelação da Verdade (o Belo). Ao contemplar o Belo, o homem torna-se caro aos deuses e atinge a imortalidade. O amor platônico, portanto, está definitivamente desvinculado da experiência do cotidiano, da precariedade, provisoriedade e finitude da vida.
 
SCHOPENHAUER
O amor é a força infinita que rege o mundo, a força soberana de viver, o gênio da espécie. Os homens não trabalham para si mesmos e sim para a perpetuação da espécie, e, conseqüentemente, os homens são os provedores da dor do mundo sem saberem que o são, pois o gênio da espécie os ludibria com essa grande invenção dos românticos, o amor. Se os homens soubessem que trabalham apenas para a manutenção da espécie, assim como a formiga trabalha tão-somente para o sustento da rainha, não se assujeitariam a esta farsa, os homens não se deixariam enganar pelas mulheres, este bicho de idéias curtas e unhas cumpridas, que, quando nova, usa seus encantos para negociar com a fraqueza e a loucura do homem. Não existe amor. O amor é uma invenção do romantismo, o que existe é o interesse dessa força soberana que se impõe aos interesses do homem, e o homem sabe que sofre, mas não sabe por que sofre, o homem é tocado pelo gozo da beleza, e desde então, vive na ânsia desse louco e inexistente amor.


SANTO AGOSTINHO
Amar a Deus significa amar o amor, mas ninguém pode amar o amor, se não se ama quem ama. Não é amor o que não ama ninguém. O homem não pode por isso amar a Deus, que é Amor, se não ama o outro homem. O amor fraterno entre os homens não só deriva de Deus, mas é o próprio Deus, é a revelação de Deus em um de seus aspectos essenciais à consciência dos homens.
JOÃO DUNS ESCOTO
O amor é a conexão e o vínculo de que está ligada a totalidade das coisas em amizade inefável e em indissolúvel unidade.

DESCARTES
O amor é uma emoção da alma produzida pelo movimento dos espíritos vitais que a incita a unir-se voluntariamente aos objetos que lhe parecem convenientes.
 
VAUVENARGUES
Na amizade, o espírito é o órgão do sentimento, no amor são os sentidos.

FREDERICO SCHLEGEL
A fonte e a alma de todas as emoções é o amor.
 

FREUD
O amor é a especificação e a sublimação de uma força instintiva originária que é a LIBIDO. A libido não é um impulso sexual específico (dirigido para o indivíduo do outro sexo), mas simplesmente a tendência à produção e à reprodução de SENSAÇÕES VOLUPTUOSAS relativas as chamadas zonas erógenas, tendência que  se manifesta desde os primeiros instantes da vida humana. O impulso sexual específico seria uma formação tardia e complexa, formação que, por outro lado não é nunca completa, como se demonstra pelas perversões sexuais, tão variadas e numerosas. Essas perversões não são, portanto, desvios de um impulso primitivo normal, mas modos de comportamento que remontam aos primeiros instantes da vida, que se subtraíram a um desenvolvimento normal e se fixaram na forma de uma fase primitiva (fase oral, primeiro ano de vida; fase anal, a partir do segundo ano de vida; fase fálica, dos três anos até os seis, que são estágios psicossexuais do desenvolvimento). Outros estágios são os períodos de latência (dos seis até os nove ou onze anos, quando a criança fica voltada para as atividades acadêmicas, e a fase genital que equivale à puberdade e onde começa a crise de identidade nos jovens). A crise de identidade reflete uma confusão de papéis dado que os conflitos anteriores não foram resolvidos de maneira positiva, a saúde mental é o reflexo da solução positiva dos conflitos nas diversas fases do desenvolvimento. O amor adolescente é uma tentativa de encontrar a identidade, o jovem vê no outro o ideal do eu e tem o outro como o objeto de suas aspirações, o que é muito comum no amor apaixonado, quando a pessoa o indivíduo passa a se amar no outro, o que não é outra coisa do que uma tentativa de aprimoramento das figuras paternas, que , em fases anteriores não proporcionaram CONFIANÇA BÁSICA, AUTONOMIA, INICIATIVA e DILIGÊNCIA, ou seja, os pais não deram amor e segurança o suficiente para a formação de um ego saudável, o resultado é o desajustamento de conduta.

Bom, diante de tudo que se tem pensado a respeito do AMOR, da busca de definições que expressem esse sentimento tão poderoso, que já derrubou impérios inteiros, que desnorteia homens e mulheres, mas que também ilumina, agrega, orienta, une, portanto, podemos definí-lo com a frase "meu bem, meu mal". Em assim sendo, só nos deixa a seguinte certeza: Fora o Amor Platônico, que é definido como Amor Impossível, todas as outras formas de amar, na prática, são baseadas no egoísmo, no bem estar pessoal. Na frase musical "eu quero você como eu quero", percebemos não se tratar de intensidade esse desejo, mas sim,  comportamental, exigindo mudanças, o que é um contra-senso, quando nos apaixonamos por  alguém, nos apaixonamos pelo  que conhecemos dela, pelo jeito dela, pela aparência, enfim, por ela. Então, como logo depois queremos modificá-la? Será que se ela se submeter a essa modificação/transformação, continuaremos a amá-la? Será que ela própria vai continuar se amando? E a Auto-Estima, como fica? Amar é querer a própria felicidade em detrimento da do ser amado? 
"...Mas é o amor de sexo para sexo que se revela mais nitidamente como um desejo de posse: aquele que ama quer ser possuidor exclusivo da pessoa que deseja, quer ter um poder absoluto tanto sobre a sua alma como sobre o seu corpo, quer ser amado unicamente, instalar-se e reinar na outra alma como o mais alto e o mais desejável".
FriedrichNietzsche.


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