
Em seu passeio pela história, Barros Filho explicou que, durante o Renascimento, a mesma confusão acima (entre o certo e o errado) aumentou: afinal, fazia sucesso a obra de Nicolau Maquiavel, O Príncipe, que aconselhava governantes e políticos de que era preciso fazer o que fosse, até mesmo utilizando meios escusos, para obter o que se desejasse – ação traduzida na emblemática frase “os fins justificavam os meios”. “Age bem quem realiza algo que tem de ser feito. E o prestígio é aferido pelos ganhos ou perdas gerados pelo indivíduo”, analisou Barros. Ou seja, o homem é senhor de seu destino e dono de seu livre arbítrio: o sucesso ou fracasso na vida dependem de seu desempenho. Já nos séculos 18 e 19, os filósofos ingleses Jeremy Bentham e Stuart Mill propuseram a seguinte teoria: produz bem quem sabe fazer bem-feito e age bem quem alegra a maioria.
Barros Filho acrescentou que o que mais dificulta o estabelecimento de um código de ética é que os homens estão sempre mudando seus pensamentos, bem como suas células. Como diz o filósofo grego Heráclito: “Um rio nunca passa pelo mesmo lugar duas vezes”. Por isso, a dificuldade de se estabelecer um código de ética: não só os indivíduos se modificam ao longo dos dias, mas a sociedade também se altera e, consequentemente, é necessário estabelecer novos códigos de conduta. O que era válido no passado não é mais hoje. Tanto na sociedade quanto nas organizações. O professor da ECA conta que, antigamente, não se dava importância, nas companhias, em ser eticamente sustentável e não poluir, sendo o grande objetivo obter lucros cada vez maiores. Atualmente, a empresa que só se preocupa com os lucros e age de forma agressiva em relação à natureza não recebe bons olhares por parte de parte crescente da sociedade. “Ética não é estática e é preciso, de tempos em tempos, definir o que é certo e errado”, concluiu.
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