domingo, 10 de abril de 2011

CABEDELO !!!

                                
Pois é gente, esse é o nome da cidade onde se esconde essa praia linda, rasinha, com águas paradinhas e quentes. Aliás, quente mesmo, muito, afinal, está no meio do Nordeste Brasileiro, em plena Paraíba, ao lado de João Pessoa. Então, estávamos eu, minha linda e amada esposa, e família, comemorando dois cinqüenta anos, meu e de nosso primo, que por lá, mora. Passamos a noite anterior “bebemorando” e dormimos, como é o costume nesses momentos, muito tarde, e tivemos que acordar cedo para pegarmos a vazante da maré, e assim, conseguirmos curtir essa praia, que na verdade, é um banco de areia, no meio do mar, que aflora quando a maré está baixa. Acordei muito cedo, por volta das 6:00h sentindo muito calor, e um certo mal estar, então dirigi-me para a piscina da cobertura onde estávamos hospedados e fiquei, dentro d’água, admirando a cidade vista de cima, do 13º andar, e agradecendo a DEUS pelos momentos que tenho vivido, sejam bons ou ruins, mas de muito aprendizado, e passei a me sentir melhor. Bom, às 8:00h, após um belo café da manhã, nos dirigimos para a cidade de Cabedelo (nomezinho esquisito esse, hein?), onde passaríamos o dia na Praia de Areia Vermelha, esse local fantástico acima. Estava eu nessa vidinha “marrom”, quando, de repente, comecei a ficar meio zonzo, suando frio e sentindo um grande mal estar, e então me dei conta que estava no meio do mar, sem condição nenhuma de atendimento médico, e que, com meus cinqüenta anos de idade me encontrava na faixa de risco de possíveis problemas vasculares, e que os sintomas eram exatamente aqueles. Foi então que pensei, “qual seria o glamour de morrer em uma cidade denominada CABEDELO?” Gente, quando perguntassem aos meus filhos onde o pai deles tinha morrido, eles diriam, “em CABEDELO”(risos). Pronto, resolvi que não era bem ali que eu queria viver meus últimos momentos, e nem traumatizar meus filhos, portanto, procurei minha esposa, que junto ao nosso primo, providenciaram um barco para me levar de volta à cidade, e de carro, começamos a procurar um hospital, pronto socorro, ou pelo menos, um posto de atendimento médico. Pois é, gente, enfim, conseguimos encontrar um hospital público, onde consegui ser atendido pelo INSS, somando mais uma nova experiência em minha vida, e da qual não posso me queixar, pois dentro do possível, fui muito bem atendido. Logo quando cheguei, já estava mais calmo, pois o nosso primo, muito bem humorado, veio nos distraindo todo o tempo, e já no hospital que por pura sorte, encontrava-se com poucas pessoas na minha frente para serem atendidas, mais precisamente, cinco pessoas, o seu bom humor continuava, contagiando a todos os presentes.

Quando chegou a minha vez, que por mais rápido que eu achasse que foi, demorou cerca de 40 minutos, o que seria fatal caso eu estivesse tendo um enfarto, mas tudo bem não era o caso. Constatou-se que eu estava com uma pressão arterial de 190 X 100, e olha que eu já estava bem mais tranqüilo, portanto, na praia a minha pressão deveria estar bem mais alta, e, provavelmente, se eu não tivesse voltado e sido atendido com certa rapidez, teria sofrido uma situação complicada de saúde. Mas, em lá estando, nesse hospital, já medicado, com um soro e medicamentos aplicados na veia, fiquei a observar as pessoas que ali se encontravam sendo atendidas, segurando seus próprios soros nas mãos, com feridas expostas nas diversas partes do corpo, sem uma higiene adequada nos corredores, sentados e/ou deitados em bancos de madeira, onde todo mundo que chegava, sentava e levantava, sem nenhuma limpeza, nem antes e nem depois do próximo usar esses assentos, algumas gemendo, outras reclamando da demora ou da falta de medicamentos e a grande maioria, calada, com um olhar perdido, como se aquela fosse a sua sina, que ali estava por merecimento, que por ser pobre, aquilo ali era a parte que lhe cabia nesse grande latifúndio que é a nossa querida e tão amada Pátria. Agora, lhes pergunto, onde estão os nossos políticos eleitos, nossos representantes e suas famílias? Será que algum deles, depois de eleitos e empossados, freqüentam esses espaços médicos para serem atendidos quando necessitam? E essas pessoas que ali estavam, ao elegerem esses “inúteis”, lembram-se desses momentos que passaram ou estão passando e reinvidicam seus direitos? Deveríamos ter como lei, como obrigação, que todos os políticos, que todos os nossos representantes e seus familiares, só poderiam ser atendidos em hospitais públicos e estudar também em escolas públicas. Como podemos ter um presidente eleito por duas vezes consecutivas, que elegeu também a sua sucessora, com filhos que sempre estudaram fora do Brasil, e que, sem nunca ter tido nenhum ascendente italiano, requerer cidadania italiana para toda a família, por, segundo as próprias palavras da primeira dama, estaria pensando no futuro, e o pior, ser atendido e aceito pelo governo italiano, numa clara troca de favores, que eu nem imagino em troca de que se deu essa benesse parlamentar.

Estava ali, me sentindo pequenininho, no meio do povo, podendo morrer por falta de atendimento decente e adequado, sendo mais um, e  virar apenas estatística,  vivenciando a cruel realidade que é a da grande maioria do nosso povo, mas que, por incrível que pareça, desse povo que elege esses verdadeiros animais, que além de nada fazerem em prol dessas pessoas, roubam, desviam as verbas destinadas a melhoria da realidade brasileira, e com isso matando, seja de fome, seja pela falta de atendimento médico decente ou pela falta de remédios que deveriam ser distribuídos de forma gratuita, impunemente, não fazendo aquilo para o qual se prontificaram a fazer e pelo qual são muito bem pagos por essa gente moribunda e sem esperanças de melhorar de vida.

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