quinta-feira, 13 de outubro de 2011

MISTURA DE MACONHA COM CRACK E A NOVIDADE DO TRÁFICO.





















Uma combinação potente e perigosa, cada vez usada por usuários de droga . É o 'mesclado', uma mistura do crack com a maconha, que provoca um efeito alucinógeno prolongado.

Para fumar o mesclado, o usuário compra a pedra de crack e a maconha. Segundo a polícia, traficantes não vendem o composto já preparado na cidade.

Um dos grandes 'atrativos' desse 'coquetel', além do efeito duradouro, é o preço. Tanto o crack como a maconha são vendidos por R$ 5. A cocaína custa R$ 10, o que é considerado 'caro' pelos usuários.

São duas as formas de preparar a nova droga. Em uma delas, o crack é moído para se extrair um pó, que será fumado com a maconha em um cigarro. Na outra, mistura-se as sementes da maconha com a pedra para fumar em cachimbos ou latas.

Mesclado, meladinho, temperado, bazuco. Os nomes dados à mistura de crack e maconha são diversos, mas, para a pesquisadora do Cebrid Solange Nappo, o objetivo dos usuários em juntar as drogas é único: diminuir os efeitos desagradáveis provocados pelo consumo do crack. A prática até parece uma alternativa inteligente, mas se revela uma armadilha. "O usuário busca o mesclado para sentir menos os efeitos agressivos do crack, mas adquire uma nova dependência e tem ainda mais dificuldade de abandonar o vício", afirma.

A psicofarmacologista acredita que o uso do mesclado é uma estratégia dos dependentes químicos para se manterem no mundo das drogas. A lógica é continuar saciando o desejo do crack, mas não sofrer tanto os efeitos do uso, como, por exemplo, a "fissura", que é o desejo incontrolável de usar a droga novamente. Assim, se eles conseguem controlar um pouco a compulsão, demoram mais a se marginalizar.

A pesquisadora explica que isso provocou, inclusive, uma cultura de que o usuário de mesclado é "mais limpo" que o de crack, mas ela lembra que essa ilusão dura pouco. "É uma saída prejudicial. O que acontece é um toma lá dá cá, pois vão desenvolver uma dependência conjunta e ficar presos ao vício. Além disso, continuam se expondo aos riscos do tráfico, pois a maconha também é ilegal", diz.

O psiquiatra Arnaldo Madruga explica que, apesar do efeito alucinógeno da maconha, o mesclado produz sensações praticamente iguais às do crack e, por isso, a dependência permanece forte. "A compulsão continua existindo. Então, o usuário de mesclado terá necessidade de usar a droga outra vez", afirma.

Solange Nappo lembra, ainda, que o mesclado pode ser uma jogada dos traficantes para viciar um público que ainda não conhecia o crack. Isso acontece quando o usuário compra a droga achando que é maconha, mas recebe o mesclado. Como a mistura normalmente vem enrolada em um cigarro, é difícil a diferenciação imediata. "Para o traficante, a venda do crack é importante. É uma droga que rende dinheiro, devido à compulsão e à dependência que ela gera no usuário", explica. (TB)




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